jacintadantas@bol.com.br
Desci do ônibus e resolvi fazer o restante do trajeto a pé. Ao lado do terminal rodoviário, vou caminhando e sinto outros caminhos, outros lugares que primavam pela beleza de suas montanhas e, agora, parecem um não lugar. Caminhando, tento não pensar nas fortes chuvas; caminhando, tento não pensar na devastação pois o desejo é agir. Ação; parece ser essa a palavra que falta. Ação; parece ser esse o assunto que precisa estar em pauta. Prossigo nos meus quilômetros pensantes e, de novo, ela me desperta nesse meu lugar entrecortado por canais...vários canais de possibilidades para o entupimento com coisas que são descartadas. Canais que, concebidos como valões, sofrem carregando os dejetos jogados por mãos humanas.
...Em meio ao devaneio, ela me acolhe: de novo a ALAMANDA se abre em sorrisos com seu amarelo, bonito amarelo circundando todo o espaço do popularmente chamado valão. De novo, a flor, contrapondo a sujeira com sua beleza, encoraja-me no seu florir, e florindo, com um amarelo tão absurdamente encantador, ela me faz escutar, no seu ato de comunicar ao mundo, que já passa da hora de se cultivar, entre as pessoas – família-comunidade-igreja-escola-poderpúblico – a cultura do cuidado pela cidade.
Obs: Imagem enviada pela autora (Foto de Jamir Dobkowski)