Malu Nogueira
(alines.veras@hotmail.com)
Como entre cortinas de árvores verdes, abertas e estendidas no meio do nada. Ele surge, vem em linha reta, na cor quase azul, limpo, tranqüilo, sem ondas ou barulho. Suas águas estão claras, porque nesta época do ano não choveu nas suas cabeceiras. Quando as chuvas caírem, em Minas Gerais, as águas virão barrentas.
Na beira do braço, do fabuloso rio, vi a grandeza da natureza, estampada na riqueza estendida do velho Chico, que invade e fertiliza terras. Terras estas abençoadas com plantios de toda espécie de fruteiras, verduras e hortaliças.
Dentro do rio, uma diversidade de peixes. Fora dele, uma enorme fortuna no tudo e no todo que o rio fornece. São imensos armazéns, como o Mercado do Produtor, no Juazeiro, onde se vendem melões, melancias, uvas, laranjas, pequis, raízes, abacaxis, pimentões, cenouras, jerimuns, chuchus, cocos verdes e tamarindos. Deixando todo mundo com água na boca.
O Rio da Integração trouxe pessoas de outras partes do mundo que acreditaram no que ele estava a oferecer.
Quiçá, todos tivessem essa visão e fossem atrás desse sonho, que se tornou realidade para meio milhão de pessoas, de duas cidades coirmãs. Uma gente que investiu sua vida e seu futuro numa terra quente, mas não esturricada, com um solo rico em nutrientes para alimentar quem tem fome de corpo e de espírito e quer respirar o cheiro de árvores e flores, ouvir o canto dos pássaros silvestres e ter a brisa do Rio na cidade toda.
Não temer ser pego pelo “Nego D’Água”, menino do rio que cuida de suas beiradas e não permite que tomem banho nela, à noite. Flagrado alguém, ele chega ao extremo de matar. Assim diz a lenda.
Cruzando de um lado a outro, com Carrancas à proa, a afastar maus espíritos e proteger as embarcações, seguem o Nina, Nilo Brasileiro e o Filadélfia.
Também, para lá ficar, tem de acreditar piamente que Nossa Senhora das Grotas protege o Juazeiro. Do outro lado, em Petrolina, a proteção vem de Nossa Senhora Rainha dos Anjos. Estas duas forças santas são usadas para que quando a serpente que vive na Ilha do Fogo e presa em três fios do cabelo de Nossa Senhora consiga romper o último que falta, as cidades não sejam destruídas.
E é, através de vários bancos, lojas e oportunidades de trabalho, que vemos a comprovação do crescimento das duas cidades irmãs, tudo graças ao Rio São Francisco, que abençoa seus filhos e os protege em seus braços d’água.