Malu Nogueira
(alines.veras@hotmail.com)
A paisagem é toda recortada e protegida por serras, às vezes altas, noutras vezes baixas, quase planas. Em setembro, quando a estiagem está à pique, fica numa cor cinza escuro, seca, triste e trêmula de tanto sol.
Essas serras parecem ter sido esculpidas para fechar o sertão como um cinturão, para ele nunca se abrir e deixar sair o sol, rei soberano e absoluto.
As aves coloridas e canoras, a flora, a fauna formam uma beleza selvagem e ímpar. Não se tisnam jamais, porém embelezam o rincão perdido nesse fim de mundo.
Pedaço de chão quase esquecido, pelo qual poderiam fazer algo, especialmente aqueles com o poder governamental nas mãos, mas não têm o compromisso político de modificar essa situação, posto que a eles não interessa equalizar as desigualdades regionais de uma grande parte do país.
O pouco que é feito decorre da pressão exercida pela sociedade organizada, formada pelos que, insistentemente, querem mudar o Sertão, através de estudos das áreas geologicamente atingidas, analisar os ciclos de chuvas e de seca e, assim, aproveitar, os invernos abundantes, armazenando água, em cisternas fechadas. Sem vê-las serem desperdiçadas em córregos, açudes ou evaporadas. O pouco que é feito representam iniciativas fragmentadas, assistemáticas, que não vêm surtindo os efeitos desejados.
A vontade do sertanejo é de que ele tenha o manejo correto de armazenagem das águas das chuvas e o incentivo financeiro do governo para a agricultura e pecuária, sem que, para isso, fiquem endividados, dependentes da ajuda externa.
Continua atual, aquele conceito de que o sertanejo morre de trabalhar e não consegue o suficiente para sobreviver com dignidade.
O estímulo advindo do governo fa-lo-á revigorar a crença de que não foram esquecidos e de que não estão entregues à própria sorte.
Eles, os sertanejos, não querem esmola. Querem condições dignas para trabalhar e verem o resultado desse trabalho em colheitas abundantes.