Djanira Silva
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Lembrar não é viver no passado é voltar a viver no presente. Para não lembrar precisaria, antes de tudo, esquecer. Não, não há como apagar da mente tudo quanto se viveu. A mim me bastam as lembranças elas me entregam um retrato de tudo quanto fui. Criança, adolescente, mulher madura. Só não vou poder lembrar da minha velhice, ela passará comigo. A criança ficou, a adolescente ficou a mulher madura recolheu sonhos, alegrias, lembranças, tristezas e com eles escreveu sua história.
Um dia minha alma recebeu o seu primeiro tempo, o da infância. E eu, como fazem os pássaros, construí o meu primeiro ninho nas fruteiras do quintal, com as imagens, com os sons, com o cheiro doce de frutos maduros. Ali, todas as manhãs rindo ou chorando depositava os dias que passavam, tristes ou alegres, até o momento em que recebi o meu segundo tempo, o da adolescência. Abriu-se uma porta para um outro mundo e nele construí um ninho feito de sonhos, de crenças, de amor, de descobertas. A vida, então, era uma festa desde o amanhecer até o anoitecer. Nas madrugadas o toque de violões, me acordava para sonhar. Até o céu era um céu especial. A lua feito um gigante, engolia nuvens resgatava estrelas.
Quando a vida sinalizou novamente, a árvore madura transformou-se em ninho.