Rômulo José
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O que terá acontecido a Fabiano? ...
Quem conhece um pouco da vida miserável desse homem, não deve fazer muito esforço para imaginar o que lhe terá acontecido.
Após a saída fugida da fazenda (fugindo da fome, do patrão ruim, das dificuldades, dos desencantos da vida...), a sofrida família, pôs-se a vislumbrar-se com as promessas de vida boa nas terras do norte do Brasil. Aliciados pelo “gato” fizeram aqui morada.
Sei disso tudo, pois foram justamente ser vizinhos de meus pais, na colônia Igarapé do Onça. Para lá foram seduzidos por promessas, mas a realidade foi totalmente outra.
Não tive noticias dos meninos. Já tinha superado a morte da cachorra Baleia. Agora contava com muitas outras “Baleias” magras e condenadas a morte. Aliás, morte antecipada. Fabiano poupava o sofrimento das coitadas a bala. Amarrava duas ou três ao pé da mangueira e disparava um tiro único para não gastar a munição que deveria servir para caçar a onça, que segundo ele rondava a casa. Apenas delírio de fome. Fome que nunca lhe deixara.
Certamente a vida não melhorou. O pouco trabalho que conseguia na roça não era suficiente para a alimentação. Sem falar na dona Sinhá que todos os dias amanhecia com dores e doenças imaginárias. Isso lhe deixava preguiçosa a qualquer tipo de trabalho. Pior para Fabiano.
(...)
Depois de muito tempo. Muita penúria e miséria. A casa onde moravam ou cuidavam foi vendida. Fabiano até não podia saber ler mas era esperto de mais da conta. Reviveu o fazendeiro que lhe atrelou dividas a terra de tal modo que não podia pagar. Desta vez teve um pouco da mesquinhez do fazendeiro. Exigiu dinheiro para devolver a terra ao legitimo dono.
Não sei ao certo quanto lhe pagaram para sair. Sei apenas que na última vez em que lá estive, o vi a carregar sacas de mandioca nas costas. Magro, sofrido e esperançoso, igualmente no livro.