segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A MORTE AZUL



Djanira Silva
djaniras@globo.com
http://blogdjanirasilva.blogspot.com/


            A mulher tenta enganar a solidão estendida sobre o silêncio. Como poderiam os outros entendê-la se ainda nem sabia por onde começar?
            Dos dois lados, qual o mortal? O retrato congela sorrisos. A dor multiplicada.
            A mulher espera.
            Iluminando a parede, a mariposa azul, azul como os olhos da menina chamada sonho, incorporada à luz da lâmpada transformou-se em azul, medrosa e triste.
            A mulher espera que ele apareça e diga o que existe entre o possível, e o impossível, obrigando-a a subverter o mundo, a andar sem destino, a voar, tornar-se colorida, rir e chorar. Loucura, sim era isto que ele queria.
           Alguém apaga a luz. E ela sabe que por ali passou o concebido sem prazer o que fora expulso do paraíso e das entranhas da mulher, o condenado à vida.


Obs: Texto retirado do livro da autora – A Morte Cega