Edilberto Sena
(edilrural@gmail.com)
O cidadão brasileiro entre 18 e 65 anos é obrigado a comparecer às urnas no dia 03 de outubro e depositar seus votos. O fato de ser obrigatório quebra em parte, a democracia, porque obriga e caso o cidadão não compareça à votação será punido. Mas votar em si é um dever ético de quem é cidadão esclarecido, o que é bem diferente.
Mas o dever ético de votar não se realiza apenas ao comparecer à urna e depositar o voto. Daí que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB orienta que o e a cidadã façam suas escolhas de candidatos, à luz da moral cristã e da ética universal. Aquela tem as bem aventuranças evangélicas como guia e a ética tem os direitos humanos universais, individuais e coletivos como imperativos. Isto quer dizer que não basta votar em qualquer candidato, porque faz belo discurso, ou tenha feito algum favor á sua pessoa ou comunidade.
Mesmo que neste tempo esteja difícil escolher candidatos que preencham os requisitos da ética e da moral, que sejam honestos, competentes, ficha limpa que defendam a vida e a dignidade dos seres humanos, o dever de procurar continua. Não o que faz promessas oportunistas, atraentes sobre necessidades urgentes da sociedade, não basta.
Para um cidadão e cidadã da Amazônia poder-se-á ter alguns critérios de análise objetivo para escolha de candidatos: além da honestidade, competência e bom discurso, ele ou ela luta em defesa do real desenvolvimento dos povos da Amazônia? Luta em defesa dos rios e povos que são ameaçados pelas hidroelétricas devastadoras. Defende a todo custo a demarcação das terras indígenas? Quem nunca se interessou em defender a realização da reforma agrária correta, não merece o voto cidadão. Aqui na região Oeste do Pará, quem apóia a construção das hidroelétricas na bacia do rio Tapajós, ou nunca abriu a boca contra tal absurdo, não merece voto cidadão. Quem já ocupou cargo público e não cumpriu seu dever e até foi mal administrador da coisa pública, mesmo que não tenha sido ainda punido pela justiça, não merece o voto cidadão.
E assim por diante, há sinais que ajudam as pessoas éticas e cristãs a fazerem uso de sua cidadania ao votar. Por isso, que os líderes bispos da CNBB orientam todos os e as eleitoras, católicos ou não, a assumirem o dever de votar segundo a moral; e se não têm opção religiosa, têm o dever ético de também nesses emaranhado de joio no meio do trigo, fazer o esforço de votar, não no menos pior, mas nos candidatos coerentes com a defesa da vida e da dignidade humana.
Uma coisa é votar por obrigação, o que não é correto, outra coisa é votar por dever de consciência, que é o voto ético.