Jaime Sidônio
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Todos nós sabemos que nossa caminhada como cristãos autênticos tem seu ponto de partida no encontro com uma pessoa viva e real, a pessoa de Jesus Cristo. O encontro com Jesus é fruto de uma busca que nasce da fé. E sem esse encontro ninguém pode ser seguidor ou discípulo de Jesus. O encontro com Jesus é a raiz, a fonte e o ápice da vida da Igreja e o fundamento do discipulado e da missão. Portanto, quem se encontra com Jesus torna-se seu discípulo missionário.
O encontro com Jesus é o início de um longo caminho que exige permanente atitude de escuta com ouvidos de discípulo, isto é, ouvidos atentos para escutar e prontos para obedecer. Essa é a atitude fundamental do discípulo. Ouvir como que extasiado, de coração aberto, sem barreiras, como Maria de Betânia. Deixar-se invadir pelas palavras do Mestre e, ao mesmo tempo contemplar o seu rosto, pois “o discípulo é alguém que vive contemplando o rosto de Cristo” como afirmava o Papa João Paulo II.
O seguimento exige que nos desarmemos para entrar na escola de Jesus. E essa escola foi e é diferente das outras escolas. Por quê? - Porque Cristo não quis formar doutores. Ele quis formar santos, apóstolos, testemunhas, mártires. Eis porque podemos dizer que ser discípulo é ir atrás dele, imitando-o para ter, como nos ensina o apóstolo Paulo, os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo (cf. Fl 2).
A base para a vivência do discipulado está na renúncia ou no esvaziamento: “Renunciar a si mesmo” e ter a necessária liberdade para “tomar a cruz” (Mc 8, 34) e pôr-se a caminho atrás de Jesus. O discípulo é, portanto, alguém que está sempre a caminho. Alguém que anda no caminho de Jesus olhando para ele e aprendendo o seu jeito de ser e de agir, especialmente aprendendo sua pedagogia, a pedagogia do amor, para poder imitá-lo.
Além disso, para o discípulo Jesus pede humildade e disponibilidade para servir. Nada de pretensão de poder nem de busca dos primeiros lugares. “Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos, aquele que serve a todos” (Mc 9, 35).
Jesus dá o exemplo. Depois de lavar os pés dos apóstolos, ele disse: “Dei-vos o exemplo, para que façais assim como eu fiz para vós” (Jo 13, 15). Ele é o modelo, o referencial. Como ele fez, devemos também fazer. “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos” (Mc 10, 45). “Eu, porém, estou no meio de vós como aquele que serve” (Lc 22,27). Jesus é o grande servidor da humanidade.
O discípulo na medida em que vai conhecendo Jesus, ouvindo sua Palavra que é Palavra do Pai, deixa-se encantar por ele assumindo, ao mesmo tempo, um permanente processo de conversão. Sente a felicidade de estar com ele. E a Palavra de Jesus, assim como suas atitudes vão mudando o coração, o jeito de ser e fazendo do discípulo, uma pessoa nova até que se confundir com ele. Essa foi a experiência do apóstolo Paulo. “Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20). A união do discípulo com Jesus Cristo deve ser tamanha a ponto de confundir-se com ele.