Luiz Moura
(lmoura.pe@uol.com.br)
A fim de explicitar o modelo não-formal de educação, é interessante introduzir o pensamento de EVANS (1981), que propõe três modelos de educação: o modelo complementar, o modelo suplementar e o modelo de educação de substituição. Esse último substitui o modelo de educação formal para as pessoas que não tiveram acesso ao ensinamento escolar, por uma razão ou por outra. O problema continua o mesmo: para se falar em educação não-formal, faz-se referência ao sistema escolar, em geral: programas, objetivos, conteúdos, duração, financiamento etc. Interessante que EVANS (1981), apesar de uma realidade bem diferente da realidade brasileira e, sobretudo nordestina, chama atenção para a clientela bem semelhante à do Nordeste; compõe-se, em geral, de indivíduos que habitam nas zonas rurais isoladas (...) ou de habitantes de regiões pobres ou ainda não-desenvolvidas de um país (EVANS, 1981).
Nesse estudo, pretende-se ir mais além na compreensão do sentido de educação: mais que uma educação para a comunidade ou da comunidade, deseja-se pôr em evidência uma educação na comunidade; será uma educação fundada sobre o amor, sobre a amizade, a criatividade, a intuição, o misticismo, as experiências religiosas e a solidariedade (GUSDORF, apud GADOTTI, 1990).
Uma pedagogia é bem sucedida quando se torna uma práxis social de autodesenvolvimento, isto é, quando é voltada para a vida concreta.
A nova epistemologia ou prática de aprendizagem que surge da filosofia de vida ou da prática educativa era: não é suficiente aprender a ler, escrever e contar; é preciso também aprender a falar, escutar e trabalhar (GADOTTI, FREIRE & GUIMARÃES, 1985). O saber escolar não é um saber completo e a aprendizagem não pode ser compreendida como um simples reservatório de informações, mas como uma construção coletiva (FREIRE, 1980). O conhecimento não é separado da forma de viver da população; nesse sentido, a grade pedagógica dos atos fundamentais de educação de Grand’Maison, citado por BERTRAND, é uma valiosa contribuição, pois une o saber-viver, saber-pensar, o saber-partilhar, o saber-fazer, com a experiência, cotidiana e a situação concreta.