terça-feira, 13 de julho de 2010

A MENINA MÁ

Dannie Oliveira
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Conheci Elisa em uma dessas desventuras da vida. Não era o meu melhor momento e ela despontou como um raio de sol na minha rotina. Elisa era dona de uma personalidade única e um jeito encantador, talvez por isso me sentisse tão fascinado por ela. No fundo éramos iguais e nossas particularidades acabaram por nos unir na hora do infortúnio. Apaixonei-me. Se bem que com alguém como Elisa seria estranho não se apaixonar.

Foi ela que me beijou pela primeira vez. Aconteceu quando nos despedíamos de um dos nossos passeios noturnos. Beijou e fugiu. Deu o doce e me deixou querendo mais. Típico dela. Ainda nos vimos algumas semanas; três ou quatro talvez... Achei que dali por diante ela traçaria mais que meses ao meu lado ... mas Elisa sumiu tão rápido quanto apareceu na minha vida. Fiquei sem entender, porém não fiz nada. Esperei que o tempo se encarregasse de me fazer esquecer os momentos que vivi com ela. Não queria sofrer e preferi não lembrar o que passou.

Elisa voltou para os meus braços quase dois meses depois. Vinha cansada da vida, da rotina, de tudo ao seu redor. Voltou em um pôr-do-sol. Apesar de sofrer pela sua ausência eu a aceitei de volta. Não me esqueci de tudo, preferi me recordar apenas um pouco. Ainda convivemos durante um período. Imaginei que ela tivesse mudado, mas na minha frente estava a mesma Elisa, encantadora e frágil.

Ela acabou indo embora de novo quando as coisas cotidianas começaram a bater a porta. Deixei-a ir. Não a queria infeliz ao meu lado. No fundo não queria me envolver novamente. E ela se foi. Voltou novamente semanas depois. Dessa vez me fiz de forte e não me rendi aos encantos de Elisa. Ela insistiu e a sua maneira conseguiu me convencer mais uma vez a ceder aos seus beijos e trejeitos. Ela me fazia sorrir espontaneamente. Ela despertava anseios, certezas, coisas e devaneios que tinha perdido. Fazia-me feliz. Completava-me. A cada retorno ela fincava uma adaga no meu peito. Enquanto a lâmina estava fincada a dor não emergia, mas a cada partida o corte ficava profundo e maior. Um dia Elisa não voltou e preferi que fosse assim. No fundo por mais perfeita que parecesse ... Elisa era na verdade uma menina má.


Obs: Imagem enviada pela autora.