O menino tombou cambaleante.
Um silêncio inusitado pairou naquela calçada afolada.
Um círculo se formou imediatamente
como se o espetáculo do circo fosse começar.
Olhares curiosos procuravam dissecá-lo ainda vivo com milhares de interrogações.
Absolutamente ninguém ousou tocá-lo.
Um respiro profundo...
Os olhos arregalados...
As mãos trêmulas e vazias...
O corpo esguio suando frio...
Morreu em plena avenida.
Era apenas um candidato
à cidadania brasileira.
Que país é esse?
Que mata e abandona sua gente?
(S. Paulo 28.08.2004)