Edilberto Sena
(edilrural@gmail.com)
Tem sim senhor!!
Para boa parte dos e das brasileiras a copa do mundo começa hoje. É hoje que a Pátria amada idolatrada, salve, salve está literalmente em dois sentidos, em jogo. A chuteira e a redonda unem todo o povo brasileiro. É praticamente o único tempo e o único motivo que levam todos os seres pensantes deste país se tornarem irmãos, amigos, se abraçarem, gritarem, pularem beberem juntos cerveja.
Não tem jeito, todos se unem, torcem, ou... xingam, caso uma jogada furada, um frango do goleiro, ou erro do juiz, tudo isso, independente de igrejas, partidos, classe social. O futebol de copa do mundo tem esse poder fascinante de unir opostos, de incandescer paixões, de fazer o pobre se tornar momentaneamente rico e rico se abraçar com pobre. É uma droga? Pode ser! É utilizado para desviar a atenção dos problemas mais graves da vida social e política?
Pode ser!
O futebol de copa do mundo, mesmo sendo um passageiro momento, pode fazer um povo de multidões explodir de alegria, abraçar o desconhecido que estiver por perto do rádio, ou da tela da televisão.
Para milhões de torcedores, uma vitória da seleção, mesmo contra a desconhecida Coréia do Norte, é motivo de alegria e paz; se for contra a Alemanha, melhor ainda; mas se for contra a Argentina aí, é a suprema felicidade passageira. Já para um comerciante de material esportivo e produtos verde e amarelo, é garantia de lucro. Incrível como boa parte da população gasta dinheiro, comprando bandeiras, camisas e outras bugingangas verde e amarelo.
É de fato o momento em que a pátria tem significado, ao menos a pátria de chuteiras. Mas se por acaso a seleção perder para a Coréia do Norte, ou para Alemanha, ou pior ainda para Argentina aí, coitadas das mães, das avós e das madrinhas do Dunga, do Robinho e do Cacá. A pátria hoje está em jogo e até o fim da copa mundial a coisa fica tensa, entre a apreensão de uma derrota e a expectativa de mais uma vitória e o sonhado hexa.
Por isso, nas horas de jogos da seleção nem missa o padre celebra, se uma pessoa vier a falecer terá que esperar o fim do jogo para os parentes chorarem e cuidarem do enterro. Assim é o espetáculo de um esporte que entrou no sangue do povo brasileiro.
Num país tão desigual socialmente, o futebol de copa do mundo serve como válvula de escape de tantas angustias e decepções, desde que o Robinho, Elano e demais patriotas façam gols e o Júlio Cesar feche a trave.