Dom Edvaldo G. Amaral (*)
(dedvaldo@salesianosrec.org.br)
Livro famoso de Dom Hélder Câmara, o profeta da paz do nosso tempo, trazia o título com que inicio este artigo. E quero dirigir-me aos velhos como eu, e aos mais velhos ainda, com duas sugestões específicas.
Começo, lembrando que seja qual for a idade que a pessoa tenha, sempre acha que não vai morrer agora. Ora, a morte é a única e absoluta certeza que se tem na vida. E não depende nem da idade, nem da saúde. Morrem os moços e morrem atletas recordistas. Li certa vez numa revista a jocosa história de um jovem motoqueiro que, vendo uma velhinha podando a grama de seu jardim, numa íngreme ribanceira, advertiu-a do perigo que esse trabalho representava para ela. Ao que, a velhinha retrucou: “Moço, volte para casa e vá verificar quantos jovens morrem, andando por aí de motocicleta. E compare quantas velhas morrem, podando a grama de seu jardim...”
O importante para o cristão é aceitar com a força da fé a realidade inelutável da morte. Pedir ao Senhor da vida todos os dias, que nos faça enfrentar com intrepidez e coragem o fim de nossos dias, com a passagem pelo túnel da morte e o trânsito desta vida para a eternidade. Dom Bosco fazia seus filhos celebrar todos os meses o piedoso “Exercício da Boa Morte”, prática religiosa que os fazia sempre prontos para enfrentar o fim da vida.
O outro segredo de uma velhice feliz é manter-se sempre em atividade e com múltiplos trabalhos. É o que Dom Hélder chamou as “Mil razões para viver”. A vida é como uma corrida de ciclista. Se parar, cai,,,.
Trabalhos manuais, o quanto as forças físicas o permitirem, mantém o cérebro sempre ativo e afasta as doenças da decrepitude, como o mal de Halzheimer e outros. Contava o arcebispo de Teresina, Dom Celso Pinto, hoje também ele emérito, que certo bispo emérito tinha o cargo de “procurador”, isto é, passava o dia “procurando” onde deixara os óculos, as chaves, o livro de orações e etc. Daí a necessidade de a pessoa idosa ser muito organizada e ter lugar e tempo para todas as suas atividades. Vale aqui o conselho de Santo Agostinho: Serva ordinem et ordo servabit te – “Guarda a ordem e a ordem te conservará.”
Aos sacerdotes idosos, como eu, aconselharia o exercício frequente do sagrado ministério das confissões. Conservo com carinho, em minha sala de trabalho, a foto de João Paulo II, papa, confessando na quaresma na Basílica de S. Pedro O mesmo fez Bento XVI nesta última quaresma e recomendou aos sacerdotes do mundo inteiro “É necessário voltar ao confessionário. Peço que se dediquem generosamente à escuta das confissões sacramentais e guiem com coragem a sua grei.” (L´Ossservatore Romano, nº 12/2010, pg. 11).:
Escrever é outra atividade aconselhável aos idosos, nem que seja com a ajuda de um revisor literário. Bispos eméritos do Brasil, como Dom Hilário Moser, de Tubarão, mantém seu blog pessoal ou participam de blogs de outros, atendendo à recomendação do Santo Padre de nos utilizarmos dos mais modernos meios de comunicação de hoje, como a internet e similares.
Velhice ativa e cheia de fé e otimismo é velhice saudável...
(*) É arcebispo emérito de Maceió.