terça-feira, 27 de abril de 2010

TEXTO DE PAULA BARROS



www.pensamentosefotos.blogspot.com
( mpaula26@hotmail.com)


“Quando as pessoas falam, ouça com atenção. A maioria das pessoas nunca ouve”
Leio essa frase logo cedo, desta quinta-feira chuvosa. Trago para refletirmos. Talvez eu também não esteja ouvindo atentamente.


Ontem conversava com minha filha sobre o quanto tem me espantado a dificuldade que tenho sentido em conversar ultimamente. As pessoas atropelam a nossa fala, antes mesmo de terminarmos o que íamos dizer. Ela concordou comigo, e até citou algumas passagens recentes. Combinamos, caso uma atropele a outra, na fala, que íriamos dizer uma a outra.

Tentei contar a um grupo de amigas que assisti um filme brasileiro (O Contador de Histórias) muito interessante, que gostei muito. Enquanto tentava contar o filme, uma diz de lá, não gosto de filmes brasileiros, assumo o meu preconceito. Cortou o meu entusiasmo, a minha fala, o meu raciocínio. Será que vinha ao caso naquele momento a qualidade de filmes brasileiro? A conversa pula do filme para outros temas.

Horas depois, tentei falar de um outro filme, Amigos para Sempre. Uma pergunta, você viu em video ou no cinema? Na hora fiquei sem entender a pergunta, o que importava naquele momento. Respondi que assisti em casa. E ouvi – não gosto de assistir filmes em casa. E novamente o rumo da conversa mudou. Não falei do filme.

Falar de viagem, fotografia, lugares bonitos, blog, então nem pensar. É me sentir uma extraterrestre, num mundo de desabamentos, chuvas, doenças, estupros, pedofilia, políticos corruptos, padres com condutas duvidosas e por aí vai.

Ontem estava almoçando e me perguntaram algo, quando fui responder, veio outro assunto, e não respondi mais. Mais tarde toca o telefone era a pessoa me fazendo a mesma pergunta, e já foi dizendo, eu perguntei mas entrou outro assunto.

E o pior que também tenho percebido, que a pessoa ficar calada, olhando para nós, não significa que está nos ouvindo.

As mentes parecem que estão muito inquietas. Pensamentos atordoados, de mentes que não param de pensar, de confabular, saltam atropelando a fala do outro.
Muitos falam, poucos escutam.

Obs: Imagem enviada pela autora.