Edilberto Sena
(edilrural@gmail.com)
No tempo de hoje, como no passado, cheio de escândalos, escravidões diversas, violências e desigualdades sociais, há necessidade de pessoas que dêem testemunho de verdade, de honestidade, de solidariedade, em fim de amor ao próximo. Há necessidade também de muitos profetas que ousam contestar os sistemas de vida que causam as violências e desigualdades. Jesus Cristo é o maior exemplo inspirador para esse testemunho de vida. Ele mesmo revelou esse caminho profético e ensinou seus discípulos. Sabendo que eles tinham dificuldade emassimilar tal ensinamento.
Ele, um dia antes de ser assassinado, criou um ritual de aliança e fortificação do espírito para não desanimar nas lutas da vida. Foi assim e por isso que ele criou e presidiu uma única vez a Santa Missa, quando tomou o pão e depois o cálice com vinho, dizendo: “isto é meu corpo tomem e comam; é meu sangue, tomem e bebam e façam isto sempre em memória de mim”. Ele criou a eucaristia como alimento fortalecedor de seus seguidores, porque sabia que ontem, como hoje, contestar o sistema de corrupção, violência e morte e, ao mesmo tempo, testemunhar com a vida, é possível sim, construir respeito à vida, defender os oprimidos e ser solidário.
Por isso, hoje se canta um hino eucarístico bem significativo de comunhão: comungar com a luta sofrida do povo que quer ter vez, ter voz, lugar. Comungar é tornar-se um perigo, viemos pra incomodar.
Assim diz a cantiga na missa.
Daí que, quem faz da Semana Santa um tempo de memória, tem hoje a memória da Santa Eucaristia, alimento que Jesus deixou para os fracos criarem força, para os medrosos criarem coragem, para exercerem sua missão profética na sociedade, dando testemunho de solidariedade com as lutas de vida do povo e testemunho profético, denunciando tudo o que causa morte opressão e desigualdade social.
Um cristão que comunga o corpo de Cristo, precisa sentir e se envolver com a luta sofrida do povo e então se torna um perigo para os criminosos que causam violência, os que são corruptos, os que destroem a natureza, os que exploram os outros. Semana Santa, tempo de fazer memória, estar al lado de Jesus que deu a vida por amor.