D.Edvaldo Amaral (*)
(dedvaldo@salesianosrec.org.br)
Preparando nosso coração para um Natal de Jesus, vamos passar em resenha alguns símbolos natalinos, dos mais conhecidos, baseando-nos em parte na revista Família Cristã - especial de Natal.
Comecemos pelo 25 de dezembro. É quase certo que Jesus não nasceu neste mês. É inverno no Hemisfério Norte e é impossível que o imperador romano decretasse um censo geral neste tempo, nem os pastores estariam, num frio de inverno, montando guarda a seus rebanhos nos arredores de Belém “durante as vigílias da noite”, como narra S. Lucas. Como então o dia 25 do último mês ficou sendo a celebração do Natal? Muitos povos da antigüidade, como os romanos, os gregos, os celtas, os germanos, celebravam neste dia, solstício de inverno, a festa do Dies Natalis Solis Invicti (Nascimento do Sol invicto), quando acontece a noite mais longa do ano, e o Sol retoma no dia seguinte seu ciclo no firmamento, aumentando progressivamente a duração do clarão do dia até o verão. A festa, como muitos outros elementos culturais do paganismo, foi apropriada pelos cristãos de Roma, que passaram neste dia a celebrar o nascimento do verdadeiro Sol Invicto, Jesus. Instituída pelo papa S. Telésforo (125-136), a festa de Natal em 25 de dezembro só foi realmente estabelecida por Júlio II, papa de 337 a 352 (Datas do Annuario Pontificio).
A árvore, desde tempos remotos, é expressão de fertilidade da mãe-natureza, recorda Afonso Soares, professor de teologia da PUC. Por essa razão, os povos germânicos na Idade Média costumavam, no rigor do inverno, montar dentro de casa um pinheirinho verdejante, para anunciar a esperança da primavera que haveria de vir. Os cristãos tomaram o pinheiro como símbolo da manutenção da vida, mesmo nas condições mais adversas. As bolas da árvore de Natal simbolizam os dons que o Menino Jesus trouxe para a humanidade. As velinhas acesas significam a luz de Cristo, que ilumina e aquece os corações dos homens. A árvore de Natal era costume só da Alemanha até o século 19, quando penetrou na Inglaterra e daí se difundiu para todo o mundo.
A guirlanda de quatro velas é mais um símbolo do tempo do Advento, preparação do Natal, comum na Europa, e que só em época muito recente, propriamente nesses últimos anos, chegou até nós.. Tem origem também alemã. Suas quatro velas, de cores diferentes, são acesas em cada um dos quatro domingos do Advento, significando a caminhada litúrgica da preparação para o Natal do Senhor.
E o Papai Noel, podemos aceitá-lo? Pessoalmente, eu tenho duas objeções contra sua divulgação entre as crianças, embora já o tenha até representado para os meninos da Casa Dom Bosco de Maceió. Foi numa festa natalina, nos primeiros tempos, em que faltou inesperadamente o rapaz que o deveria apresentar. Minha primeira objeção contra o Papai Noel é que ele, impulsionado pela propaganda comercial, rouba ao Menino Jesus as atenções e se torna o centro da festa do Natal. Segundo, é que a criança, chegada à idade adulta, vai saber que o Papai Noel era um mito inventado pelos adultos para enganá-la. E Jesus, e as verdades cristãs que lhe foram inculcadas na infância, não seriam elas também um mito irreal? Mas a origem do Papai Noel é até bem cristã.. Atribui-se sua origem ao bispo São Nicolau (festa: 6 de dezembro) que nasceu em 271 e foi bispo em Myra (atual Turquia). Uma tradição dizia que havia em sua cidade 3 moças que não conseguiam casar por falta de dote e o bondoso bispo cada noite colocava pelo muro de suas casas um saco cheio de presentes que lhe possibilitaram o suficiente para formar o desejado dote e casar-se. Na Alemanha é chamado Santa Klaus. Um livro do inglês Clement Moore em 1823 fê-lo nórdico com neve e trenó, puxado por renas. E o cartunista norte-americano Thomas Nast no jornal Hasper´s Weekly criou a figura do velhinho simpático de longas barbas brancas que atraiu as simpatias gerais e tornou-se a figura oficial. A expressão Papai Noel tem origem francesa ( como se sabe, Noel é Natal em francês; na Itália ele é chamado Babbo Natale) e teria sido cunhada maliciosamente por inimigos da Igreja, exatamente com a finalidade de desviar as atenções do Natal do Menino de Belém, coisa que a exploração publicitária vem conseguindo às mil maravilhas.
(*) É arcebispo emérito de Maceió.