terça-feira, 15 de dezembro de 2009

OLHOS

Malu Nogueira




Olhos
De raposa que espreitam na escuridão
Assim, são seus olhos que espreitam tudo a sua frente
Olhos
Que não se arregalam no medo
Olhos
Castanhos que inspiram paixão
Olhos
De felino traiçoeiro
Que ferozes hipnotizam a vítima
Olhos
Que fitam e provocam arrepios
Olhos
De estrelas cintilantes
Em céu de pecados mil
Olhos
Mentirosos que fitam o norte
Quando olham para o sul
Olhos
Que escapam na calada da noite
Querendo enxergar outras lentes
Olhos
Embaçados qual neblina matutina
Olhos
Que vão ficar na solidão
Pela estragavância escolhida.
Olhos
Que contemplam a mediocridade turva
Dos caracóis falseados.
Olhos
Que não terão um amanhã.
Olhos
Que não vão degustar o outono orvalhar.
Olhos
Que vão ficar num canto qualquer,
Sem ninguém para se espelhar.
Olhos sem olhos.