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João entrou na vida da minha avó e da minha família ainda bebê.
Sua mãe não tinha condição de criá-lo, e diante da complicada situação que já enfrentava com o outro filho, ela decidiu dá o menino para adoção. Mãe solteira ela levava as duas crianças para o roçado, onde trabalhava na época. O mais velho das duas crianças, um menino de 5 anos já pegava na enxada, enquanto o caçula ficava em uma sacola pendurado na costa da mãe. Minha mãe ficou surpresa quando conheceu a história da mulher e dos seus dois filhos e decidiu ajudar.
Quando eu conheci o João ele tinha as perninhas meio tortas, tinha algumas marcas do sol, enormes olhos castanhos, a pele alva e os cabelos loiros, parecia um anjinho desajeitado.
Você já ouviu dizer que em coração de mãe sempre cabe mais um? Foi assim com a minha avó. Depois de criar 12 filhos, ela adotou o João, num processo que na época durou quase 6 anos (era tudo muito burocrático, hoje é bem mais simples), mas que no fim garantiu ao menino um novo sobrenome.
Vovó enfrentou duras críticas de algumas senhoras tradicionalistas, e por parte de algumas pessoas próximas, que não viam cabimento em uma senhora adotar um menino. Puro preconceito, que foi ignorado por minha avó. Atitudes de seres covardes e mesquinhos que só sabiam pensar em seus próprios narizes.
Meu finado avô no começo estranhou a presença do menino na casa, mas com o tempo, aonde ele ia o pequeno ia atrás, logo virou o companheirinho. Eram os Joãos (meu avó também se chama João).
Quando ele faleceu, o menino virou o homem da casa e passou a cuidar da minha avó e de uma tia.
Minha avó ganhou um filho, minha mãe um irmão e eu um tio novinho.
João hoje têm doze anos, é um bom menino e um exemplo de filho.
P.S: Quanto ao processo de adoção para que não fiquem dúvidas as pessoas que maldizem o ato de acolher outra pessoa. Meus familiares nunca tiveram problemas com a mãe do João, terminado o processo ela seguiu sua vida, inclusive hoje têm uma outra filha. O João conhece os dois irmãos e respeita a sua mãe biológica.