terça-feira, 13 de outubro de 2009

VÍTIMAS DA ENCHENTE E DA BUROCRACIA

Edilberto Sena
(
edilrural@gmail.com)


Os rios e lagos do Baixo Amazonas entraram em ritmo de verão, as praias chegam bonitas, os ribeirinhos se apressam em plantar seus legumes aproveitando a fertilidade das terras banhadas pelo grande rio na enchente. Esta foi um pouco além do normal neste ano, mas já passou.

Muitos vargeiros e ribeirinhos passaram momentos de dificuldade, mas tudo voltou ao normal. A pescaria ficou fácil, com muito peixe gordo, a melancia e o melão florescem ricamente. De repente chega uma notícia pelo rádio bastante estranha. É que 10 mil cestas básicas que seriam para as vítimas da enchente estão estocadas em algum porão na cidade de Santarém, com risco de apodrecerem e serem jogados no lixo. Há até quem diga que parte das cestas já foram jogadas fora por não servirem mais.

Até hoje não foram distribuídas porque não chegou autorização de alguém da capital, Belém, diz um membro da defesa civil na cidade. Quase não dá para se acreditar. Esses alimentos chegaram para serem distribuídos nos meses de maior necessidade das vítimas impactadas pela enchente. Isso, entre os meses de abril e junho. Mas por falta de alguém lá da capital que não autorizou, tudo ficou guardado. E agora? O burocrata de Belém, que possivelmente não tem idéia do sofrimento de quem sofreu com a enchente, vai autorizar a distribuição das cestas básicas, agora tardiamente?

Mas, as vítimas, ou já morreram de fome, ou não precisam mais dessa migalha. Ou será que as 10 mil cestas básicas vão ficar guardadas para a próxima enchente? Ou será que vão apodrecer lá no porão? Como se pode ficar calado diante desse crime?

Num país mais organizado esse burocrata iria para o presídio por crime de irresponsabilidade para com as pobres vítimas da enchente, não acha? Mas para a sorte dele, neste país gente de colarinho branco não é punido. Não vai para cadeia nem quem é corrupto, quem desviou dinheiro público e nem que não executa suas funções com ética e honestidade.