quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

FESTAS DE FIM DE ANO COMO SINAL E SONHO – Parte II

Dasilva


8. Uma mensagem tantas vezes repetida tende a naturalizar-se. O bombardeio diário da mídia (internet, rádio, TV, jornal, outdoors), pela insistência e pelas imagens, é capaz de criar e de nos jogar numa onda. Ainda mais que a rapidez e variedade das ofertas não deixam margem para discernimentos.

9. Seria fatalismo acreditar que a propaganda (comercial, política, religiosa) nos envolve por causa de sua perversa e até subliminar manipulação. Se nos atingem é por que exercem uma atração. Se encantam é porque insinuam respostas essenciais.

10. Pelo menos dois apelos universais, ligados aos interesses imediatos, mobilizam as pessoas: o medo de perder e a possibilidade de ganhar. Só um grau maior de consciência leva as pessoas a superar o reino da necessidade e buscar o reino da liberdade.

11. Os esforços pela emancipação humana se alimentam por dois valores humanos que se complementam – indignação e ternura. A indignação sempre alerta contra toda forma de injustiça e dominação. A ternura como paixão e celebração da Vida plena.

12. A propaganda experta pesquisa esses interesses e valores, explícitos ou inconscientes, em todo ser humano. Depois, aproveita datas significativas, criadas para quebrar a monotonia do cotidiano, para oferecer e vender a salvação para nossas carências.

13. Por isso, conseguem unir presentes, cores, festas... com fraternidade, família, abundância, paz, felicidade... Essa mistura gera o espírito de Natal onde as máquinas registradoras e as igrejas se reforçam. Como são respostas momentâneas, frustram.

14. Mas, na contradição, esses momentos provocam uma receptividade nas pessoas propícia à denúncia da exploração, opressão, desigualdades, violências... e o anúncio de uma esfera solidária e feliz de relação entre os humanos e com o planeta.