quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O MOMENTO DA MUDANÇA


Ronaldo Coelho Teixeira


Cada um de nós já sentiu o momento da mudança. Podemos não tê-lo percebido, mas o sentimos. E quando ele chega não importa a idade. O que acontece é que geralmente estamos atarefados demaioucentrados em outras questões, o que nos faz ignorá-lo na maioria das vezes.

O momento da mudança é muito importante. É o nosso organismo/psiquê avisando que algo já morreu e que é necessário substituí-lo. Pode ser o simples ato infantil de, numa certa faixa etária, perceber que aquele brinquedo tão desejado já não tem mais espaço nas nossas brincadeiras. Ou o amor que sentimos por alguém num determinado período da adolescência, e que precisamos sufocá-lo. Ou ainda, na fase adulta, a terrível e temida necessidade de se mudar de emprego ou até mesmo de profissão.

Instinto. Este é o principal fator que nos faz perceber esse crucial momento. Mas, do Século XX para cá, uma grande parte de nós o traz morto dentro de cada um. Porque com o desenvolvimento industrial e científico, temos sido levados a produzir tanto que a nossa vida parece ter ficado robotizada. E um dia parece não oferecer tempo suficiente para que possamos fazer tudo o que devemos.

Desde jovens, a cobrança por “um lugar ao sol” é muito grande. Temos que estudar, fazer cursos profissionalizantes e trabalhar, enfrentando uma competição agonizante e interminável. Pois as novidades tecnológicas inundam os quatro cantos do planeta, feito um tsunami de avassaladoras e obrigatórias informações, do qual não conseguimos fugir.

Não há escapatória. Terminamos atropelando aos outros e a nós mesmos. E, nesse atropelo, o instinto, que necessita de alguns minutos de paz e serenidade para ser percebido, passa ao longe.

Mas o momento da mudança vem. Sempre. Ele geralmente se revela também por uma carga excessiva de angústia ou de desilusão, feita a agonia indefinível que precede uma tragédia iminente.

E ele chega pra nos dizer que algo precisa ser mudado. Que aquele panorama ou ponto de vista já não nos serve mais, como uma roupa que ficou pequena e que por isso precisamos abandoná-la. Ele vem para que nós mesmos possamos escapar da morte em vida, renascendo com a sua força no caos cíclico e eterno da mutação de todas as coisas.


Obs: Texto retirado do livro do autor – Surtos & Sustos