segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

UM POUCO DE FELICIDADE

Zeca Paes Guedes


É possível encontrar a felicidade “para sempre”, como nos contos de fadas? Não creio, pois os próprios contos de fadas, os modernos, já não terminam com a conhecida frase “e foram felizes para sempre!” Eu acredito que a felicidade nada mais é do que a soma diária dos momentos em que sentimos as pequenas alegrias, ou aquelas pequenas coisas que vão nos recompensando pelo desgaste inevitável das pequenas batalhas que enfrentamos todos os dias. Assim sendo, o encontro da felicidade não pode ser um estado mágico, ou permanente, mas sim o resultado do exercício de reconhecer as pequenas alegrias que, somadas, se transformarão na “nossa felicidade” particular.

Podemos nos encantar com uma tranqüila madrugada que vai mudando de cor à medida que se aproxima o momento mágico em que surge o sol, como se estivesse saindo de dentro do mar. Ou, no final da tarde, quando ele se esconde depois do horizonte, deixando um rastro multicolorido para dar as boas vindas à noite. E se essa noite for enluarada, ou estrelada, essa magia pode até se estender um pouco, pois é sempre um belo espetáculo observar a dança das estrelas ou a lenta e majestosa caminhada da lua.

Se tivermos a sensibilidade de ouvir os sons da natureza completando o espetáculo de formas e cores quando estivermos em um jardim ou mesmo fazendo uma caminhada perto de uma mata, poderemos ter a grata sensação de nos sentirmos momentaneamente felizes, enchendo nossos corações com aquela deliciosa sensação de plenitude que todos já experimentamos.

Numa tarde gostosa, o cheiro de um café recém coado se espalhando pelo ar pode nos dar a mesma sensação de alegria que uma boa companhia para dividir esse café pode tornar ainda mais reconfortante. Se essa companhia agradável for a pessoa especial que faz bater mais forte o nosso coração, melhor ainda!

E quando a pessoa escolhida nos faz rir? Ou nos faz sonhar? São momentos inigualáveis que deveríamos guardar em nossos corações, pois aumentam nosso estoque de felicidade. Infelizmente a maioria de nós, quando se separa do ser, até então amado, joga fora os bons momentos e acumula os piores, numa espécie de auto proteção destrutiva. Não deu certo? Esqueça! Termine! Mas jamais esqueça os bons momentos, as pequenas alegrias, os sorrisos, os risos e os sonhos.

O sorriso de uma criança, seus passinhos incertos em busca de equilíbrio, suas perguntas que, muitas vezes nos deixam sem respostas; tudo isso nos traz doses de alegria, de plenitude. As dúvidas que nossos jovens colocam em nossas mãos, à espera de explicações, ou suas conquistas, que lhes trazem aquela expressão de orgulho e de prazer, tudo isso faz parte de nossas doses de felicidade. Basta sabermos somá-las e aproveitá-las.

Quando testemunhamos a vitória de uma pessoa querida, sentimos aquele conforto como se nós mesmos houvéssemos chegado ao fim de uma batalha com uma grande vitória. Um abraço carinhoso, uma palavra delicada, um olhar sincero e cúmplice, são fontes inesgotáveis de alegria. A felicidade do próximo também pode ser nossa.

Voltando para nossas individualidades, que tal curtir os momentos de solidão lendo um bom livro, ouvindo uma das músicas preferidas, preparando um prato gostoso, ou simplesmente lembrando bons momentos ou pessoas queridas? Que tal nos transformarmos numa excelente companhia para esses momentos?

Na felicidade não existe magia, existe vida. Ela não vem plena, completa, duradoura. Ela vai sendo construída, dia a dia, por nós mesmos. Um pouco de felicidade agora, somado a todos os outros bocados, vai intensificando esse sentimento de alegria, de conforto, de plenitude. E assim podemos dizer, sem medo de errar: Sim, eu sou feliz!