segunda-feira, 21 de março de 2011

MEU NOME É TODAVIA

Walter Cabral de Moura
(wacmoura@nlink.com.br)


Sentia
baterem as pedras
aos ouvidos.
Sabia
da falta de esperanças
futuras.
Escrevia
como quem não via
nem ouvia.
Escorriam
da boca as últimas
ilusões.
Sonhava
como quem jamais
dormira.

E quando quis pôr fim
àquela insônia
escolheu um daqueles caminhos
e pensou consigo:
eis por fim o grau máximo
de liberdade
a que se pode chegar.

Reviu antigas companheiras
lembrou de velhos amigos
apertou num instante
as mãos de quem pôde
e disse: Meu nome
é Todavia.

Sabia que era imortal.