domingo, 10 de janeiro de 2010

A NOITE DE NATAL

Djanira Silva
djaniras@globo.com
http://blogdjanirasilva.blogspot.com/



Numa véspera de Natal a cidade se preparava para a missa do galo. O presépio, todos os anos, era armado no caramanchão da praça. As figuras em tamanho natural, pareciam pessoas de verdade. Nossa Senhora tinha cara de gente. Os animais pareciam animais mesmo. S. José tinha jeito de frade.
A menina queria porque queria que a mãe fizesse uma roupa igual à de Nossa Senhora. A avó que lhe fazia todos os gostos, disse-lhe que era uma coisa impossível.
- Não pode filha
- E por que não, vovó?
- Porque roupa de santo não é fantasia de carnaval.
- O padre disse que a gente tem que ser igual a eles.
- No comportamento, querida, e não nas roupas.
Não houve jeito de convencê-la.
À noite a família se preparava para assistir à missa. A mãe, chamou a filha para trocar de roupa. Ela não apareceu. Chamou novamente. Nada. Procurou por toda a casa e, assustada, ficou sem saber onde tinha ido. O tempo passava e ela não aparecia. Não sabia mais o que fazer.
Só havia um lugar onde ainda não procurara, a praça onde estava armado o presépio. Aproximou-se e não acreditou no que viu. A menina dormia tranquilamente no monte de palha junto do Menino Jesus, enrolada no manto azul de Nossa Senhora.



Obs: Texto retirado do livro da autora – Do Quintal Para O Mundo –