segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

PASSOU O PLEBISCITO, MAS AUMENTOU A NECESSIDADE DE EMANCIPAÇÃO

Edilberto Sena *


Um terço dos eleitores do Pará quer a emancipação do Oeste do Estado. Um milhão, cento e noventa e cinco mil, 491 eleitores votaram no SIM. Não foi possível desta vez a criação do novo Estado, porque o eleitorado da região metropolitana de Belém, com mais da metade dos eleitores do Estado do Pará, teve o dobro dos votos ao NÃO à divisão.

Com a derrota do sim, variadas reações surgiram em Santarém. Muitos eleitores manifestaram indignação com a falta de solidariedade dos votantes do não. Outros atribuíram parte da derrota aos parlamentares que assumiram liderança tardiamente. Outros ainda, acusam a junção das campanhas Tapajós com Carajás, porque aquela região tem história bem diferente da tapajônica.

Mas, pensando bem, cresceu a consciência das populações do Oeste do Estado da necessidade de emancipação. Não dá mais para continuar à reboque dos governantes da capital, que deixam a periferia do Pará com migalhas e má administração. 98,73% dos votantes de Santarém querem a emancipação. Também a maioria dos votantes do Oeste quer se libertar da má administração de governantes que procuram os eleitores em tempo de campanha e só.

Portanto, a idéia e decisão solitária da prefeita de Santarém, logo após a apuração dos votos, de declarar luto oficial com bandeira a meio pau, é um despropósito, pois luto se usa quando falece uma pessoa querida. Mas a vontade de emancipação do Estado do Tapajós, só cresceu com a oportunidade do plebiscito. A população regional acordou para essa necessidade. Nesse sentido o plebiscito foi um momento bem positivo.

É verdade que também há opinião de que os políticos da região contribuíram bastante para a derrota do sim. Uns por se omitirem, silenciosos, por estarem presos a compromissos pessoais. Outros, porque entraram na campanha tardiamente e buscando tirar proveito próprio. E mais grave, se apossaram da campanha como se fossem eles os heróis. A uns e outros, certamente os eleitores vão dar resposta nas próximas eleições parlamentares.

Também, por isso, há quem proponha que na luta continuada pela emancipação, que não deve parar, políticos de mandatos estejam fora da liderança.

Uma coisa é certa, o Pará não será mais o mesmo depois desse plebiscito. Políticos de fora da região terão recepção negativa nas próximas campanhas, inclusive o governador que nas últimas eleições recebeu mais de 100 mil votos no Oeste do Pará. Ele não poderá mais enganar as populações aqui do sul e oeste do Estado com migalhas e visitas ocasionais. Ele sabe que o ressentimento é grande e sua omissão tem sido ainda mais grave.

Em fim, não venceu o SIM, mas venceu a vontade de emancipação da região, o que é mais importante como politização dos e das eleitoras.


* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.