domingo, 30 de outubro de 2011

ATALHOS SILENCIOSOS...


resomar
(desafiomar@gmail.com)


Se personalizo a dor na essência de teus pensamentos, congestiono a limpidez do olhar em fios de linha desbotados,
travessia percorrida vasculhando o excesso de momentos,
transitoriedade de gestos,
paisagem disfarçada em sombras onde (re)colho o sabor de tuas inquietudes...

Se questiono o segredo que habita em teus abraços enigmáticos,
perguntas agressivas na espantosa solidão de passos,
postura dominante no calçadão sujo onde tua voz soluça à procura do eterno...

Se desfaço as pétalas adormecidas na lama ritmada de teus recuos,
janelas encharcadas de saudade,
acenos perdidos na invasão da nostalgia,
inevitável paixão entrelaçada em razões sutis,
limites distanciados no abstrato sentimento a despertar no atalho, o silêncio ávido de entrega...

Se bebo a espuma descontrolada do beijo caído no vazio de ser,
consciência suada no fracasso que sacraliza a covardia assustada,
mágoas invisíveis flutuando no delírio da alma,
sensações que sobrevoam a melancolia de tua face surda,
trêmulas lágrimas imersas na experiência imposta...

Se penetro no mistério do confronto,
desafio como pássaro ferido sem a luz desperta,
borboletas a fecundar a vigília de teus sonhos,
madrugadas a soluçar a pulsação da esperança,
verdades na aceitação do que passou,
anseios de dedilhar a poesia no telhado,
ar cinzento,
pesadelos que gritam,
estrelas soterradas na circunstância de liberdade arrancada,
pedaços de muros em labirintos,
universo que carrego na ousadia do espancamento e monstruosa (in)diferença...

Se acumulo transformações,
páginas queimadas,
palavras desnorteadas no inferno contraditório,
agonizo na humanização jamais vencida,
celebração dos que aguardam o esmagamento dos espinhos,
tentativas de repousar na melodia que enternece o compromisso da (re)construção,
ainda que as flores sangrem ou a chama sonolenta apague as trilhas da criação,
a turbulência se faça outra vez respiração contorcida a prosseguir nos acordes da memória que se reveste de novas folhas no peito a sorrir...