domingo, 10 de julho de 2011

DE BICICLETA TAMBÉM SE FAZ POESIA

Rômulo José


Chegada em casa já pela boca da noite. Cansado???


Nossa Amazônia é rica em belezas naturais. E deveria ser obrigação do homem conhecer o mínimo possível dessas belezas (principalmente nós caboclos). Mas a falta de recursos financeiros ainda é vista como uma barreira que impossibilita o caboclo de conhecer a natureza onde vive. Mas eu não concordo com isso! Por isso é que decidi conhecer o lugar onde moro. Isso sem ser de carro ou moto, e sem gastar dinheiro com a passagem do ônibus. Resolvi montar uma bicicleta razoável e aventurar-me por caminhos desconhecidos; trilhas onde animais reinam durante a noite.

Pedalar não é a condenação daquele que não tem moto. Quem pedala e ao mesmo tempo contempla a natureza a sua volta faz-se poeta.

Por isso que afirmo que de bicicleta também se faz poesia


Cada caminho não é apenas a ânsia da chegada. Nada disso! É uma contemplação do belo. É o diálogo consigo mesmo. É a alegria de sentir-se vivo. Alegria essa simbolizada pelo vento refrescante batendo suavemente em nosso rosto.


É a lembrança da leitura do Tempo Perdido, de Proust, e tantas outras fictícias, mas que na hora em que sento no selim parecem uma transfiguração para uma realidade, que só tem sentido, quando percorro certa distância e re-vivo todas essas lembranças.
                                             Igarapé na passagem da Comunidade de Castela

Aqui o asfalto acaba e começa a trilha de verdade

Depois da trilha o que restou da minha menina

Comunidade de Castela

As fotos são do trajeto: Santarém, Diamantino, Miritituba, Castela, Bom Jardim, Murú, Murumurú. Distância percorrida: 42 km
Tempo percorrido: 02h30min


Obs: Imagens do autor.